quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vivo

Não sei como viver, nunca aprendi!
Vivo como bicho, seguindo meus instintos
Saciando meus desejos e alimentando minhas taras
Acariciado pela sorte aqui e ali.

Mas lamento, sobretudo, uma inapelável condenação ao equilíbrio,
Esse cruel patrão, tatuado na minha alma em tintas ocres de sangue,
Que não me deixa enlouquecer de vez, nem de felicidade
E nem me prende nas seguras (e chatas) trilhas do convencional.

Vivo, inconseqüentemente, vivo
Paixões, amores, angústias e alguns desesperos
Tudo sem certeza ou muita fé
Com a sensação de que a maturidade em mim veio travestida.

Não me dou conta da idade que a data de meu nascimento atribui
Ou que a papada sob meu queixo denuncia
Nego meus cabelos brancos e o espelho
Só não posso negar o cansaço.

Não consigo mais controlar nada
Só quero aprender a deixar o corpo solto
A alma leve, o coração aberto e o medo preso
E deixar a vida entrar pelo nariz, rindo, louco.

Zé Mauro Nogueira

Um comentário:

  1. sim, é isso!

    esse é o mauro que gostamos de ver.
    e que conhecemos muito, muito bem.

    (desde de tempos longínquos -
    tão longínquos que não correspondem
    a anos, eras e mesmo eóns.)

    essa é a força de vida
    que sinceramente vi
    oculta e em potencial,
    aguardando a permissão
    de se expressar integralmente.

    e mesmo assim
    ainda insiste na pergunta:
    "em que ajudamos, de que somos úteis?"

    parando pra olhar a contribuição
    apenas no campo da comunicação
    já dá pra afirmar com total segurança:
    inúteis é que não somos.

    pois toda inutilidade
    aqui tem outra conotação
    e ganha um valor inestimável.

    :)

    ResponderExcluir