quinta-feira, 15 de abril de 2021

Noronha

 

Basta acessar qualquer portal de notícias, ouvir qualquer telejornal, que lá estarão os números do flagelo que é a Covid-19.

No Brasil já são mais de 350 mil mortos. Uma estatística fria que não abala os corações dos negativistas ou daqueles para quem a doença passa distante. Como disse Stalin, a morte de um homem é uma tragédia, a de 20 milhões é uma estatística.

E essa tragédia agora chegou a mim. Meu filho perdeu seu avô querido, Joaquim Sérgio Lopes de Noronha, meu ex sogro, vítima dessa “gripezinha de maricas”, como dizem alguns.

Noronha completou 73 anos um dia antes de perder a luta que travou por mais de 20 dias em um leito de UTI. Homem forte, vigoroso, deixou filhos, netos e muitos admiradores. Entre eles, eu.

Meu filho disse: “Pai, eu me senti sozinho, desprotegido, sem meu avô”. Como ele, imagino que toda a família se sinta um pouco “abandonada” sem a força de um cara que era pelos seus acima de qualquer coisa. E a dor do meu filho, claro, dói em mim.

Separado há muitos anos de sua filha, Camila, não tínhamos mais contato. Por isso me surpreendeu uma mensagem que recebi dele em agosto de 2017, quando eu voltava de Santa Catarina, do funeral do meu pai. Um simples “Mauro, sinto muito por sua perda”, que emblema o homem generoso que era.

Com todo meu respeito ao Noronha e em solidariedade ao meu filho, sua família e a todas as outras das incontáveis vítimas de Covid-19.

 

Zé Mauro Nogueira