Sou um ser provavelmente mais errante do que a média, ou por essência ou por atraso no processo
evolutivo, tanto faz. Da vida fui fazendo o que soube, o que pude, o que me
ocorreu, movido por desejos nem sempre nobres e limitado por medos nem sempre
percebidos. Certamente errei demais!
Mas tenho total convicção de que tudo já valeu a pena por
pelo menos um aspecto: a paternidade. Nisso descobri uma dimensão totalmente nova,
de mim mesmo e do universo. Hoje faz dezesseis anos que me tornei pai. E agradeço
cada dia, cada vivência dessa alucinada jornada que tanto me ensina.
Ser pai (ou mãe, claro), acredito piamente, é o mais intenso
dos acontecimentos que o destoante homo sapiens pode experimentar. É a manifestação
absoluta da força biológica que nos define e que, por mediocridade e soberba,
tendemos a negar.
A natureza é perfeita em si, nada é fora de lugar ou de
tempo, nada é bom ou mau. Tudo flui como só pode fluir. E criar um filho é aprender
a integrar-se a esse fluxo da vida, às vezes alegra, às vezes entristece, mas
sempre enche a existência de significado, ou propósito.
Ao meu filho, Pedro, feliz aniversário!
Zé Mauro Nogueira