São vários os textos neste blog bissexto sobre meu filho.
Sempre fui um cara errático, confuso, e acho que é na paternidade que acabou se
concentrando a minha capacidade de ser estável, comprometido, consistente. Não deve
ser por acaso que ser pai é a parte de mim que mais gosto.
No último sábado, dia em que eu completava 51 anos de vida,
Pedro chegou com o convite para a solenidade de entrega do certificado de aluno
destaque do colégio. Logo emendou: “Não quero que você vá! Minha mãe vai, mas não
há nada que eu possa fazer quanto a isso”.
Ao invés de ficar chateado, abri um largo sorriso. Mais uma vez vi
ali um bom pedaço de mim mesmo, já que sempre evitei levar meus pais ao colégio seja
por que razão fosse (na verdade minha mãe; meu pai não fazia parte da minha vida mesmo).
Dei os parabéns, falei do meu orgulho por tudo, não apenas
pelas boas notas escolares, e o deixei à vontade para viver o momento da forma
que se sentia mais confortável, sem nenhum tipo de ressentimento, apenas feliz por ele. Exatamente como
minha mãe fazia comigo.
Não que haja nada de errado em ir e pronto, como faz a mãe dele. Até gosto disso e acho engraçado. É uma outra forma de se posicionar e é nessa mistura de estilos que ele cresce
equilibrado e seguro para enfrentar o mundo. Não há certo ou errado quando o
assunto é demonstrar o quanto nos importamos. Sorte dele, afinal.
Ontem à noite, contudo, me manda um whatsapp: “Pai, andei
pensando. Pode ir amanhã na solenidade”. Abri outro sorriso. Não apenas pelo prazer de ir
vê-lo subir a um palco para saborear uma conquista, mas por perceber no gesto
um cara aprendendo a lidar com os sentimentos de uma forma mais ampla e
generosa.
Parabéns, Pedro!
Zé Mauro Nogueira