terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mário Sílvio - irmão

Teve uma época, em Belém do Pará, que tínhamos que pegar dois ônibus para ir para a aula. Um nos levava de Icoaraci até o centro, outro nos deixava próximos da escola. Mesmo na dureza e morando longe, o pai pagava colégio bom.

Sempre fui ruim para lembrar que idade tinha nessas coisas, mas acho que eu deveria ter algo como 10 anos e ele uns 14. Apesar de mais novo, eu sempre parecia estar adiantado e ele atrasado. Custou-me tempo e maturidade para entender que ele sempre soube viver melhor do que eu e hoje continua mais feliz do que eu jamais consegui ser.

Era um dia como outro qualquer, farda do colégio Santa Maria, mochila preta nos ombros. Tínhamos acabado de descer do primeiro coletivo e íamos andando em direção ao ponto onde pegaríamos o próximo. Como sempre, eu ia à frente, atento a tudo, olhando pra trás ligado em não perder o ônibus.

Numa dessas olhadas, não enxergo o Mário. Começo a voltar, preocupado, procurando onde tinha se metido meu irmão. A primeira coisa que vi foi a mochila caída no asfalto. Coração dispara, a adrenalina toma conta e avanço correndo em direção as pessoas que paravam para olhar. Então o vejo com as duas mãos apoiadas no chão, tentando sair de dentro do bueiro onde havia se enfiado, todo molhado e com uma cara apatetada.

Voltamos pra casa. Eu, sem razão nenhuma, fui primeiro. Ele ficou secando no banco da praça.

Zé Mauro Nogueira

Um comentário:

  1. HAHA, meu pai é o melhor né? suhsauahsauhasuhas queria saber como ele conseguiu se enfiar lá. se fosse hj em dia, ele nunca mais sairia suhsausahusah
    Já li pra ele e ele quase chorou :D

    Beeijos Tio :D

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